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quarta-feira, 22 de outubro de 2014


Não sou adepto do F.C.Porto, prima dona, um menino de coro que vai para o Dragão como quem vai para missa, que fica louco só porque num momento ou outro há assobios. Não, nada disso, pelo contrário, sou um portista apaixonado, vibrante, sei muito bem o que é o futebol, conheço bem a cultura e a história do F.C.Porto. Até costumo dizer que quem está no F.C.Porto tem de ser forte mentalmente, estar preparado para aguentar críticas, assobios, uma exigência que muitas vezes é excessiva - isso dá-lhe uma estaleca e capacidade para aguentar tudo se for para outro clube qualquer... Mais, até sou capaz de dizer que parte do público que vai ao Dragão sabe de bola e quando reage tem alguma razão. Mas o que vi ontem ultrapassa todos os limites. Ontem foi um dia em que apesar da vitória e como ela foi importante!, saí do estádio mais triste que em alguns jogos que correm mal e não ganhamos. Ontem vi histerismo xenófobo quando da substituição de Juan Quintero. Vi uma grande parte do estádio a insultar e a assobiar uma decisão que para mim foi acertada - então Quintero saiu em grandes dificuldades do jogo frente ao Sporting, chegou a estar em risco a possibilidade de ser ontem utilizado, estava a baixar de intensidade, a ter dificuldades físicas, devia ter continuado até rasgar? Poupem-me! - mas mesmo que fosse errada, não havia razões para uma reacção daquelas. Se fica difícil perceber o comportamento de adeptos mais novos, adeptos que cresceram a ver o F.C.Porto ganhar e estão mal habituados, é para mim incompreensível que gente da minha geração, gente que como eu, falando de futebol, comeu o pão que o Diabo amassou e por isso devia ser mais tolerante e compreensiva, de cabeça completamente perdida, assobiando e insultando o treinador do seu clube de uma forma inqualificável, gente que no sábado passado ficou quietinha, sentadinha e caladinha, quando o F.C.Porto foi insultado e gozado. 
Arrasaram Vítor Pereira ao ponto da mulher ter de pedir licença sem vencimento, os filhos serem constantemente incomodados; trucidaram Paulo Fonseca que acabou a tomar comprimidos - nunca vi e já levo muitas dezenas de anos a acompanhar o futebol e o F.C.Porto, um treinador tão feliz na hora da saída, como aconteceu com o actual técnico do Paços -, estão a fazer o mesmo a Julen Lopetegui. Não valorizam o crescimento de Danilo, que ainda pode melhorar, mas está finalmente a mostrar toda a sua enorme qualidade; não querem saber se Quintero está a ganhar peito para ser um jogador completo, de 90 minutos e não apenas um jogador de fogachos; passa-lhes ao lado a forma sensata como está a ser gerido um menino de 17 anos e que por isso precisa de cuidados especiais, não pode ser queimado na fogueira que se transformou o Dragão; ou os bons momentos que a equipa já tem conseguido. Não, tudo isso não importa, só olham para as coisas erradas, mas sem respeito e de forma totalmente inapropriada e desabrida. Também vejo coisas erradas e aponto-as, mas com objectividade, de forma respeitosa e construtiva. Por exemplo: ter gente nas alas e só ter Jackson contra o mundo, não meter mais gente na zona de finalização, capaz de ganhar os ressaltos, as segundas bolas que sobram do trabalho de Cha Cha Cha ou das dificuldades da defesa em aliviar, é um aspecto a melhorar, temos de ser mais contundentes junto da área. Temos de resolver e definir melhor aquele triângulo composto pelo trinco ou jogador que primeiro baixa para receber e os centrais; temos de deixar e definitivamente de errar passes para o meio nas saídas para o ataque, passes esses que não raramente nos têm custado caro e já vêm de longe. Temos plantel, continuo plenamente convicto que temos treinador, podemos e vamos fazer muito melhor. Mas para isso é preciso estarmos unidos, coesos, dar confiança, acabar com esta instabilidade constante. Temos de deixar de dar tiros nos pés que só favorecem aqueles que nos querem mal. Temos de voltar a ser Porto. Porque este não é o meu Porto, não é por este Porto que vale a pena perder tempo, lutar. Já não tenho idade nem estômago para aguentar estas nojeiras.

Nota final: 
Eu não podia ser treinador de futebol. Por exemplo, se fosse treinador do Barcelona, mandasse sair Messi e ele não saísse, podem ter a certeza que seria castigado, nos jogos seguintes ia para a bancada. Era passar a minha certidão de óbito enquanto treinador, claro que sim, mas como manter a disciplina e a ordem, se uma decisão legítima de um treinador não é acatada? O que aconteceria se outros fizessem o mesmo? Como se mantém um grupo unido se uns são filhos e outros enteados?
Vem isto a propósito de Quaresma. Todos os jogadores de um plantel querem jogar, todos acham que têm valor para jogar. Mas se todos viessem fazer declarações como fez Quaresma, seria complicado, ninguém se entenderia, a desunião aconteceria, perdia-se espírito de grupo. Por isso, Quaresma tem que perceber o que pode e o que não deve dizer. Se fizer isso vai ficar mais próximo de jogar mais vezes. É a minha opinião.

PS - Quando o Benfica e o Sporting se reuniam para tratar de assuntos de interesse do futebol português, deixando completamente de lado o F.C.Porto, algumas ratazanas que de tão gordas mal podem andar, achavam bem. Agora que o Sporting ficou de fora de um largo consenso de clubes, porque se auto-excluiu, as mesmas ratazanas acham muito mal. Coitados!

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