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segunda-feira, 23 de maio de 2016


Disse quando saiu Julen Lopetegui: os problemas do F.C.Porto não se resumem ao treinador. Disse também que a  herança de José Peseiro era pesada, não esperava milagres, que por um toque de magia o novo treinador transformasse uma equipa que estava mal, em todos os sentidos, técnicos, físicos, anímicos, numa equipa ganhadora e capaz de dar grandes recitais. Mas se não esperava muito, não esperava que em 4 meses, o F.C.Porto de José Peseiro, tivesse 9 derrotas, 4 das quais no Dragão. Esperava sinais de retoma, sinais que me levassem a acreditar e ter esperança que José Peseiro podia ser o homem para dar a volta à situação, alguém capaz de na próxima época conseguir colocar o F.C.Porto a um nível quem tem andado desaparecido nos últimos anos. Enganei-me. Ontem, então, foi um pesadelo. Estou completamente de acordo que não há treinador que resista a erros daqueles, inadmissíveis em profissionais que competem ao mais alto nível, mas a exibição nunca atingiu a qualidade que se exigia a uma equipa que andou semanas a preparar esta final. Peseiro poupou, rodou, fez a gestão que quis, tudo para que a equipa se apresentasse forte na final. Após o jogo frente ao Boavista e quando alguns amigos me manifestaram preocupação porque a equipa não estava solta, rápida, intensa, tão perto do jogo frente ao Braga, a minha resposta foi que podia ter a ver com a preparação para o Jamor, havia uma semana para recuperar, na final a equipa ia aparecer bem e corresponder às expectativas. Mas era a minha esperança, mais que a minha convicção. Não apareceu e é caso para dizer: tanto tempo à espera para esta coisinha de nada.
- Não, senhor Professor, o F.C.Porto não fez uma grande exibição na segunda-parte de ontem. E como na primeira nem é bom falar e o prolongamento não foi nada de especial, tenho pena, mas a qualidade apresentada durante os 120 minutos, não me leva a concluir que apenas perdemos porque fomos traídos por dois erros grosseiros. Se tivéssemos feito um bom jogo, se a equipa no seu conjunto e não três ou quatro jogadores, fosse competente, mesmo dando aquelas abébias, tínhamos ganho! E essa forma de analisar os jogos, que já tinha acontecido várias vezes e que aqui fui dando conta - mesmo em jogos que vencemos...-, leva-me a dizer que de facto, o senhor nunca percebeu no clube que estava. Assim, na minha opinião, que vale o que vale, não sou eu que decido nem tenho qualquer responsabilidade nas decisões, o senhor não devia continuar.

Se disse que os problemas do F.C.Porto não se resumem ao treinador, obviamente está implícito que as maiores responsabilidades têm muito a ver com quem dirige o F.C.Porto. E aí, é conhecido o meu pensamento: quem em primeiro lugar responde nas horas boas e más, é o presidente Pinto da Costa e depois vem por aí  abaixo... Culpas, aliás, assumidas pelo líder do clube e SAD na entrevista ao Porto Canal, quando disse que o F.C.Porto bateu no fundo, mesmo que não contasse na altura que ainda íamos bater uns metros mais abaixo.
Assim, como não preciso que Jorge Nuno Pinto da Costa coloque à minha disposição o seu corpo para ser chicoteado, nem exijo a sua cabeça, espero que no imediato apareçam sinais que as coisas vão mudar e em todas as áreas. Prioridade: treinador! E rapidamente. Não podemos permitir que surjam especulações, apareçam vários nomes, quem for o escolhido seja logo apontado como segunda, terceira ou quarta escolha. Não podemos voltar a errar, num lugar importantíssimo, decisivo para o futuro do F.C.Porto. O escolhido tem de ter um apoio activo de toda a estrutura do futebol portista, não pode, como aconteceu com Julen Lopetegui, ser contratado para um projecto de 3 anos, darem-lhe um grande poder e depois deixá-lo ser cozinhado em lume brando desde o primeiro dia que chegou ao F.C.Porto. O tempo que qualquer um era campeão no Dragão, já passou, é preciso alguém com capacidade, personalidade e competência. Alguém que conheça o F.C.Porto, o futebol português e internacional. Alguém que tenha trabalho feito, as suas equipas sejam reconhecidas pela organização, equilíbrio e porque não, pragmatismo, defendam bem - salvo raras excepções, fundamental no futebol actual - e saiam com propósito para o ataque. Alguém que não tenha medo de dizer as verdades a alguns meninos mimados, não pape tudo que os dirigentes lhe colocam no prato e seja duro com uma comunicação social recheada de freteiros, recadeiros e vendilhões do templo.
Finalmente, alguém que tenha provas dadas de não ter medo de lançar jovens. Quem? Para mim e mais uma vez, vale o que vale, seria o actual treinador do Mónaco, Leonardo Jardim. Se não for, até na hipótese que de momento acho apenas académica, de continuar José Peseiro, respeitarei a decisão de quem de direito e estarei aqui para apoiar. Como faço sempre, dentro das premissas conhecidas: elogiar ou criticar, conforme as circunstâncias, nas críticas procurando ser objectivo e construtivo. Porque seja quem for, não podemos ser nós os primeiros a contribuir para criar problemas, fragilizar e diminuir o nosso treinador.

Notas finais:
Sei que se André Silva fosse jogador do clube do regime, mesmo perdendo a taça tinha tido todas as honras informativas. Mas recuso-me a colocar nos ombros de um jovem de 20 anos e que ainda tem muito para aprender e crescer, toda a responsabilidade inerente a um ataque com a exigência de um clube como o F.C.Porto e nas actuais circunstâncias.

Proponho que na próxima época, Somos Porto e temos de levantar a cabeça, deixem de pertencer ao vocabulário dos jogadores e treinadores do F.C.Porto.

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