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quarta-feira, 28 de setembro de 2016


Depois do jogo com o Boavista quando disse: não podemos fazer bem só durante 45 minutos, não podemos baixar tanto a intensidade, o ritmo, a dinâmica e a concentração, nos outros 45, por tudo, mas principalmente porque a vantagem no marcador era mínima e o jogo não estava decidido, não estava a mandar bocas ou porque sou um eterno insatisfeito. Não, estava apenas a fazer uma crítica objectiva, construtiva, para bem do F.C.Porto. Idem, quando perguntei: qual é o problema do treinador no final do jogo, dizer, gostei muito da primeira-parte, não gostei nada da segunda, não podemos voltar a repetir este comportamento e esta atitude, sobe pena de virmos a ter problemas no futuro? Não vejo nenhum, acho até que temos de atacar a fundo este problema. Sim, quanto mais não seja, porque a prática tem confirmado as minhas e muita gente mais, teorias - mas este é apenas o último exemplo, ando, andamos a dizer o mesmo há anos.
Vejamos: perder um clássico não é um drama, mesmo que não tivéssemos, como tivemos as atenuantes de uma arbitragem vergonhosa. Mas se no jogo seguinte até estivemos bem, frente a um Vitória atrevido e que sabe jogar, conseguimos uma bela vitória e com uma exibição equilibrada na qualidade de jogo durante os 90 minutos, porquê e passados apenas quatro dias, não houve continuidade, pelo contrário, voltou o tal Porto da parte de baixo do carrossel? Porque é que no jogo com o Copenhaga, depois de uma bela entrada e que nos deu a vantagem, deixamos de jogar, só voltamos a fazer alguma coisa de jeito nos últimos 25 minutos e depois dos dinamarqueses ficarem reduzidos a 10 jogadores? Porque é que em Tondela só jogamos a um nível aceitável no quarto-de-hora final? Porque é que frente ao Boavista desligamos ao intervalo? Houve quem argumentasse, porque estávamos com o pensamento na Champions? Então qual a razão porque ontem só vimos um Porto como deve ser nos 20 minutos finais? Não saímos disto... sempre as mesmas dúvidas e os mesmos dilemas, daí a pergunta: o defeito será do cu ou das calças? Ontem o problema até nem foi perder com o campeão inglês, foi concluirmos e este é um sentimento quase unânime, sem ser preciso nada do outro mundo, sem ser preciso transcendência, o Leicester estava ao nosso alcance, podíamos ter conseguido outro resultado e não conseguimos por culpa exclusivamente nossa. Porque andamos a repetir sempre os mesmos erros há anos, mudam os jogadores, mudam os treinadores e tudo continua na mesma? Não pode ser, isto não pode continuar, temos de sair daqui!

Estamos na era da comunicação, o que é dito agora é ouvido, lido, comentado e discutido por milhões, passados uns segundos. Portanto, é preciso ter algum cuidado, perceber que agora certas declarações têm impactos muito diferentes de outrora. Assim, quando o presidente do F.C.Porto fala em época de transição e transformação, tem de clarificar. Não pode ficar no espírito de ninguém, em particular, no treinador ou jogadores, que, se correr bem, óptimo, se correr mal, paciência, é uma época de transição e transformação. Já aqui falei disto a propósito do artigo de José Manuel Ribeiro, director de O Jogo: não podemos olhar para este momento, claramente negativo e agirmos como se esta fosse uma temporada de transição, quiçá de mudança de paradigma, após um período de sucesso desportivo. Não se pode dizer, sem clarificar, principalmente depois do que se disse há meses atrás do que seria esta temporada. É preciso cair na real. Ou então, pelo menos, expliquem-nos qual é a ideia, qual é a estratégia, qual é o rumo, o que têm na cabeça para o F.C.Porto do futuro a curto prazo... até para que nós possamos aderir. Por se não for assim, é natural que haja cepticismo, desencanto, desmotivação que gera desmobilização. E como só sairemos disto todos juntos...

O mesmo raciocínio se aplica quando falamos de André Silva. E vou-me repetir:
Dando de barato que uma equipa com as ambições e exigências do F.C.Porto não se pode dar a esses luxos de estar a dar tempo a que um miúdo cresça, a questão não é essa. O André Silva tem de crescer, mas crescer naturalmente, não é à força, não ganha nada com isso, ele, nem o F.C.Porto. Com um peso desmesurado sobre as costas, nota-se bem que o jovem avançado do F.C.Porto está claramente desgastado, física e mentalmente e assim, é dos livros, perde discernimento, não rende. Porque mesmo nestas circunstâncias joga 90 sobre 90 minutos, com as consequências que estão à vista? Não é dando-lhe palmadinhas nas costas e dizendo que é branco quando é preto, que vamos fazer dele o avançado que o seu talento e potencial indicia poder vir a ser. Para além disso, André Silva está a cometer erros, jogo após jogo, que têm de ser corrigidos agora e isso é tarefa do treinador. NES tem de lhe dizer que não pode ir a todas as bolas, mesmo às que não são dele, porque se desgasta desnecessariamente; tem de o corrigir, dizendo-lhe que não pode andar a fintar em zonas do campo que lhe competem: primeiro, porque não tem essas características, segundo, porque não são essas as suas funções; avisá-lo que tem de ter mais calma e menos sofreguidão na recuperação da bola: não pode, cada vez que perde uma, ir em cima do adversário para a recuperar, mas fazer sempre falta; principalmente, tem de lhe melhorar a recepção, porque e como ontem se viu, uma recepção orientada pode fazer toda a diferença entre marcar ou falhar.
Isto também é uma análise que procura ser objectiva e construtiva.

Nota final:
Ainda estamos muito a tempo de conseguir todos os objectivos. Mas é preciso que mudemos comportamentos dentro e fora do campo. E quando refiro a fora do campo, não me estou a referir aos adeptos, mas a quem dirige.

O F.C.Porto comemora hoje o 123º aniversário. Não estamos no melhor momento desportivo, mas o nosso amor e a nossa paixão pelo clube vai muito para além disso... é incondicional! 

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