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quarta-feira, 19 de outubro de 2016


Não é fácil analisar de forma coerente este Porto tão inconstante e por isso até compreendo alguns exageros, mas é preciso arrefecer, procurar analisar com critério, fazer o diagnóstico correcto, olhando para a floresta e não apenas para a árvore.
Agora, aquilo que parecia ser a fórmula ideal - um futebol mais dinâmico, mais vertical, mais rápido nas transições... -, sistema indicado - 4x4x2 - e que só precisava se ser trabalhado, ajustado, consolidado, já está em causa. Ontem foi muito mau, o 4x3x3 é que é, com Danilo, Óliver e Otávio no meio-campo, Corona. André Silva e Brahimi na frente. Até pode ser, circunstancialmente, mas sem primeiro converter o argelino e o mexicano às ideias que uma equipa tem de ser solidária, todos têm de ajudar, com bola, tratá-la bem, mas sem bola não pode ser os outros que a recuperem, isto é, colectivismo, colectivismo, colectivismo que potencia e faz emergir o talento, não vou por aí nem acredito que resulte. Não podemos andar a colocar sempre tudo em causa, correu bem, é isto, correu mal, é aquilo, mesmo que os jogadores escolhidos tenham sido exactamente os mesmos que nos levaram a dizer: é isto!

Depois do jogo na Madeira frente ao Nacional, disse aqui o seguinte:
«Agora que parece encontrada a fórmula - mais dinâmica, verticalidade, velocidade e intensidade - e a base - Casillas, Layún, Felipe, Marcano e Alex Telles, Danilo, Herrera, Óliver e Otávio, André Silva e Diogo Jota -, é preciso consolidar, automatizar, afinar, ir melhorando... sabendo que amanhã - porque cada jogo é um jogo -, pode ser preciso alterar, adaptar e aí não pode haver hesitações, é fundamental agir no momento certo. É preferível errar por acção que por inacção.»
Pois é, cada jogo é um jogo, se não está a dar, muda-se, não pode haver hesitações. Ontem ainda fomos a tempo... mas foi por muito pouco. Gosto de treinadores pró-activos - aliás, quase todos os que marcaram a história do F.C.Porto eram assim... - torço o nariz ao reactivos.

Não aos teóricos da treta.
Para alguém como eu, que vê futebol ao mais alto nível de exigência há décadas, ouve, lê e fala de futebol também há muito tempo - só não digo que joguei à bola, porque era fraquito...-, há teorias que nos últimos tempo me metem uma grande confusão. É a mania das posições e em que as posições 6, 8 e 10, são as mais faladas e badaladas numa equipa. E mete-me confusão porque falam de uma maneira que até parece que os jogadores são cones que não se mexem, ou então, estão tão limitados nas suas acções que ficam castrados e sem poderem exprimir todas as suas capacidades. Ora, é preciso acabar com essas teorias nas análises ao desporto-rei. O futebol é DINÂMICA e nas equipas fortes colectivamente, onde há automatismos e processos consolidados, onde há compromisso, pelas suas características uns podem trabalhar mais que os outros, mas ninguém se balda - tu sobes eu fico, eu subo tu ficas, eu vou à esquerda tu fechas no meio, eu perco a bola tu vais tentar recuperá-la e na próxima faço eu isso, etc. -, essa questão das posições não se coloca. Melhor, até se pode colocar, mas não pode nem deve ser tudo. Serve isto para dizer o seguinte:
O que me preocupou verdadeiramente no jogo de ontem foi ver que na véspera todos se reuniram naquela rodinha do vamos lá, temos de ganhar, imagino até, somos Porto... pareciam focados, cientes da responsabilidades do jogo e depois... uma entrada absolutamente desastrada, uma equipa abúlica, sem chama, sem raça, sem agressividade, sem DINÂMICA, jogadores parados, desconcentrados, incapazes de jogar um futebol a um nível de exigência mínima, muito mal individual e colectivamente durante 60 minutos, num jogo de capital importância. Este para mim é que foi o ponto, muito mais que modelo, sistemas e até opções individuais por este e não por aquele.

Pelas razões apontadas, digo não à teoria dos bodes expiatórios ou dos patinhos feios.
O Hector Herrera jogou muito mal? Jogou. Mas quem até aos 60 minutos jogou bem? Ninguém, apenas Iker Casillas e vá lá, Marcano, estiveram ao nível que se lhe exigia. Se o mexicano ficasse em campo no melhor momento do F.C.Porto, quem nos diz que não veríamos um Herrera muito melhor? Nem é preciso fazer um grande esforço de memória, em Leicester também só arrebitamos e tivemos qualidade de jogo na parte final, curiosamente, pois é, quando Herrera entrou.

Ganhar um jogo decisivo no último minuto do tempo de descontos, só pode ser um estímulo, trazer confiança e dar pica. Só temos de aproveitar a embalagem, dar sequência e partir para um ciclo de vitórias consecutivas. Até à nova paragem para compromissos com as selecções, temos quatro jogos, Arouca, Vitória F.C., Brugge, Benfica. Quatro vitórias estão ao nosso alcance, junto-me ao coro dos que dizem: vamos a isso, malta!

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