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segunda-feira, 9 de janeiro de 2017


Sinceramente, começa a ser cansativo, por tão repetitivo, falar do momento actual do F.C.Porto. Isto de há anos a esta parte é um carrossel de mais altos que baixos, chegamos ao ponto de quando vemos uma pequenina claridade no fundo do túnel, ficamos na expectativa que venham aí coisas boas, esfregamos as mãos e dizemos, agora é que vai ser. Só que o sol tem sido de pouca dura, logo batemos de frente com a realidade, as nossas expectivas são defraudadas e volta tudo ao princípio. Assim, torna-se difícil manter o equilíbrio e a serenidade, entramos na fase da casa onde não há pão, todos ralham e ninguém tem razão, acontecem coisas que não deviam.
Sou um portista que anda triste, desiludido e desencantado, mas como sempre fui um Dragão resistente e não desistente... toca a dar mais um contributo, mesmo que modesto - o blog é apenas uma pequeníssima gota num Oceano enorme -, sobre o momento do F.C.Porto.

Foi uma semana de luta e de combate, finalmente o F.C.Porto acordou - e não pode voltar a adormecer, apesar do tiro nos pés dado na Maia e dos que vêm a seguir. Foi esse o sentimento que atravessou todo o universo que torce pelo azul e branco. Mas quando era preciso dar força a essa luta e a esse combate, era preciso ganhar, nem que fosse na amarra, novamente as tropas e quem as dirige, falharam rotundamente. E assim, a pergunta que se coloca, é:
Como pode o F.C.Porto vencer uma guerra contra uma arbitragem minada e notoriamente ao serviço de um clube; ou contra uma comunicação social facciosa, maioritariamente prostituída e também ao serviço do mesmo clube; com generais desaparecidos, capitães sem prática, sem currículo e de competência mais que duvidosa, sem esquecer os soldados, que são voluntariosos, é verdade, mas para além de alguma, nalguns casos, muita falta de arcaboiço, também lhes falta experiência? Não pode.

Se não resumo tudo aos erros dos árbitros, também não vou colocar nas costas do treinador todo o peso do que está a acontecer. Nunca fiz com nenhum treinador, não vou fazer com Nuno Espírito Santo (NES). Poderia usar até um argumento simples: nenhum treinador tomou o lugar no banco dos Dragões, de assalto, se estão no F.C.Porto a responsabilidade é em primeiro lugar dos responsáveis pelo clube/SAD, em particular do seu presidente, Jorge Nuno Pinto da Costa. No caso do actual técnico, então nem se fala: NES estava a caminho de Inglaterra - dizem as más-línguas que para treinar o Wolverhampton da 2ª Liga, clube dos chineses da Fosun, com o patrocínio do amigo Jorge Mendes -, quando foi convidado a vir treinar o F.C.Porto. No entanto, há coisas que gostava de perceber.
NES foi apresentado como um treinador à Porto, ora, treinador à Porto, sabe que a teoria apregoada, tem de ter correspondência na pratica e isso não tem acontecido. Um treinador à Porto é um treinador de coragem, sem medo de queimar os dedinhos, alguém que se tiver de entrar pelo campo dentro para dizer ao árbitro que errou, entra. Alguém que se for preciso dizer, preto no branco, que não ganhamos porque fomos claramente prejudicados, diz. Alguém que quando jogamos mal não se encolhe, diz, sem medo que os seus meninos tomem a mal. Um treinador à Porto não pode elogiar a consistência defensiva, quando empata mais um jogo que tinha obrigação de vencer. Sim, porque esse jogo não foi a excepção que confirma a regra, foi mais um a juntar aos nulos com o Tondela, Vitória de Setúbal, duas vezes frente ao Belenenses, Moreirense ou  Chaves - deixo de lado a Champions League, onde a exigência é outra, mesmo que na Fase de Grupos os adversários não fossem nenhuns papões. A consistência defensiva é importante, mas como suporte para que a equipa depois se sinta mais segura e mais confiante na hora de atacar, marcar golos, ganhar jogos. Se não marcas um único golo a equipas que no campeonato apenas lutam para não descer, que se lixe a consistência defensiva, preferia ganhar todos esses jogos por 5-4.

Entra pelos olhos dentro que falta um avançado com experiência, maturidade, alguém capaz de aproveitar as oportunidades criadas, oportunidades que em alguns jogos são muitas e claras. Não digo agora, digo desde o início da pré-época. Nada contra André Silva, o jovem avançado da formação portista até tem ultrapassado as minhas expectativas, mas ainda tem muito para aprender e crescer. E na hora do aperto entra Rui Pedro, um jovem que ainda é júnior? O senhor presidente disse que não conhecia Depoitre, foi um pedido de NES. Portanto, das duas uma: ou NES não quis Depoitre coisa nenhuma, o presidente mentiu e o treinador consentiu, ou o presidente, tal como disse a Julen Lopetegui, então o senhor quis um Ferrari e tem-no na garagem, devia perguntar agora ao treinador, algo como: então o senhor quis o Depoitre e nem em desespero o mete?

Mas há mais coisas para as quais gostava de ter explicação. Dando de barato a dispensa de três jogadores, quando estavam indisponíveis Layún, Otávio e Kelvin por lesão, Danilo castigado e Brahimi na CAN - mas só encontro duas explicações para isso: uma, vão chegar nos próximos dias jogadores para o plantel do F.C.Porto. Outra, estamos a começar desde já a praticar aquilo que foi afirmado quer pelo presidente quer por Luís Gonçalves, novo responsável pelo futebol: vamos apostar na formação. Grupo mais curto, se for preciso colmatar qualquer necessidade recorre-se à equipa B. Se é essa a ideia também por razões do compromisso com  a UEFA, então que se assuma com coragem -, à incoerências que saltam à vista.

Vejamos:
Adrián López não foi para estágio de pré-época, não contava, foi repescado, passou a contar, foi utilizado, não rendeu, agora sai. Sérgio Oliveira quando ao contrário de Rúben Neves, foi autorizado a ir aos Jogos Olímpicos, pensou-se que não fazia parte dos planos de NES. Engano, regressou dos Jogos, foi chamado e até utilizado, depois desapareceu, mesmo sendo um médio com características que mais nenhum tem, remate fácil, está fora - consta que tem um comportamento profissional merecedor de críticas. João Carlos Teixeira fez coisas interessantes nos jogos particulares, parecia ir ser opção regular, desapareceu quando começaram os jogos oficiais, ultimamente já começou a ser utilizado, não sai. André André, chegou a ser um indiscutível, agora muitas vezes nem ao banco. Evandro andou desaparecido, apareceu, foi chamado, por exemplo, no complicado jogo da Taça em Chaves, mas voltou a desaparecer, está de saída. Brahimi, contou, não contou, voltou a contar, a não contar, agora, ai Meu Deus que vai para a CAN!

Depois, como é que uma equipa que já fez bem, até em jogos de grau de dificuldade bem elevada, agora baixou tanto e voltamos a desconfiar de tudo e de todos? Anteciparam-se as férias de Natal para que a equipa pudesse aparecer bem nos primeiros jogos depois da paragem natalícia. NES disse que os jogadores regressaram bem, alegres, motivados, preparados, depois das férias. Mas, como temos visto, infelizmente não é verdade, voltamos a descambar.
Termino dizendo e repetindo, o seguinte:
Não culpo NES de todos os males que afectam o F.C.Porto - o primeiro responsável é sempre o presidente, isso está muito claro para mim e desde sempre -, mas continuo com a nítida sensação que nos últimos anos Jorge Nuno Pinto da Costa tem cometido muitos erros, mas um dos principais erros tem sido as escolhas, erradas!, do treinador. E essa culpa o líder não pode delegar. Um treinador acima da média, disfarça muita coisa, ajuda muito a resolver problemas - a crise no início de 2000, só não atingiu estas proporções, porque foi cirúrgica a contratação do treinador. Um treinador sem as valências necessárias para treinar um clube com a grandeza e exigência do F.C.Porto, potencia os problemas. E se esse treinador foi apresentado como sendo muito Porto, mas na prática tem sido tão pouco... muito pior!

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