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segunda-feira, 16 de janeiro de 2017


É fácil a um treinador do Benfica ser cínico, hipócrita, fazer o papel de sonso, ter uma atitude desprendida e dizer: temos razões de queixa, mas deixo isso para os analistas e comentadores.
Dando de barato que na época passada, o sonso, quando se sentiu prejudicado, gritou: não gosto de ser comido de cebolada! - ainda se fosse de escabeche ou de cabidela...-, o sonso sabe que não pode nem precisa de falar muito. Não pode, em primeiro lugar, porque é treinador de um clube que nos últimos tem tido colinho directo e colinho indirecto, isto é, benefícios nos seus jogos, ao mesmo tempo que os outros têm sido vítimas de arbitragens de bradar aos céus. Três exemplos:
1 - Se uma falta que não é marcada a meio-campo, mais à frente vem a dar origem a um livre e golo, é motivo de polémica, então nós portistas ainda nos devíamos sentir mais penalizados, fazer mais barulho.
2 - Se no lance do jogador do Boavista que marcou o segundo golo, é falta, então o golo do empate que o Benfica conseguiu no Dragão, no último minuto do último jogo frente ao F.C.Porto, também é falta. E aí o empate é falso.
3 - Se no lance sobre Cervi, foi penalty, porque João Mostovoi Pinheiro não marcou um penalty muito mais evidente a favor do F.C.Porto no jogo em Setúbal? Não faltam exemplos de critérios desiguais, não vale a pena dizer mais nada, apenas acrescentar que as razões de queixa do Benfica são pontuais, as do F.C.Porto, principalmente esta época e no primeiro ano de Julen Lopetegui, estruturais.
Portanto, seguindo as teorias made in Luz, bastam apenas três simples exemplos para se provar que neste momento, Porto e Benfica deviam estar empatados na classificação e não, como acontece, a diferença a favor do clube do regime ser de quatro pontos.

Em segundo lugar, o sonso não precisa de falar, porque tem quem fale e faça o trabalho sujo por ele. Desde logo, a máquina de propaganda de freteiros e recadeiros ao serviço do Benfica. Depois, os peões de brega que servem os interesses do clube do regime. Assim, o sonso Vitória pode ter toda a cultura vitoriana deste mundo, ser a antítese da cultura carpideira e fatalista de quem se sente prejudicado pelos malandros dos árbitros e da cultura dos maníacos da perseguição de quem se acha alvo de todas as maquiavélicas manipulações da arbitragem, à vontade, como disse Vítor Serpa no editorial de ontem no panfleto da queimada. Esse editorial, é surreal, mas explica-se facilmente: o homem não lê a Bola, passaram-lhe ao lado as campanhas, algumas vergonhosas e inqualificáveis, contra árbitros e arbitragem que o Benfica levou a efeito, sempre com a cumplicidade e apoio directo da Bola e de alguns dos seus jornalistas. Mas por falar em Vítor Serpa, corre a notícia que vai deixar a direcção do panfleto da queimada. Só pode ser piada. Embora o nome dele conste no cabeçalho do jornal, desde que o freteiro com calo no cu como o macaco, Delgado, entrou no panfleto, é ele o director na prática, Serpa é apenas uma figura decorativa, uma rainha de Inglaterra. Aliás, esta reacção sobre quem se queixa e quem não se queixa das arbitragens, é um bom e sintomático exemplo que Serpa está completamente fora do contexto do que tem sido a política do jornal de há muitos anos a esta parte. Aliás, o facto do freteiro com calo no cu como o macaco, Delgado, arrasar Luís Ferreira no pasquim de hoje, diz tudo sobre quem é quem no panfleto da queimada.

Ainda a propósito do F.C.Porto 3 - Moreirense 0, de ontem.
Sempre fui um adepto exigente, primeiro, porque também exijo muito de mim enquanto portista - não me estou a queixar, mas é verdade. Segundo, porque foi essa cultura que me foi transmitida por muitos portistas, nos últimos 30 anos por Jorge Nuno Pinto da Costa, presidente do F.C.Porto. Gosto de ver bons espectáculos, quando não gosto, digo que não gosto, sempre foi assim quando os maus espectáculos eram a excepção à regra, porque haveria de ser diferente agora, quando são quase a regra?
É óbvio que o F.C.Porto cumpriu o principal objectivo que era aproximar-se do Benfica, distanciar-se do Sporting. Como também é óbvio que ninguém troca uma vitória mesmo com uma má exibição, por uma exibição boa com um mau resultado, mas ontem perdeu-se uma boa oportunidade de juntar o útil ao agradável.
No jogo frente ao conjunto de Moreira de Cónegos, depois do três a zero, quando ainda faltava meia-hora para terminar o jogo, a equipa do F.C.Porto em vez de aproveitar o que restava até ao fim para continuar no mesmo ritmo, procurar marcar mais golos, brindar os portistas que foram ao estádio com uma exibição que ficasse na retina e uma goleada que aumentasse a confiança e a tranquilidade para o futuro, desligou, passou a jogar a passo, em ritmo de treino, apenas para cumprir calendário.

Não chega dizer que o Dragão é a nossa fortaleza, é preciso dar tudo para alimentar a fortaleza com bons jogos e se possível acompanhados de muitos golos. O que nos tornou grandes não foi uma cultura de facilitismo, foi uma cultura de exigência e não devemos permitir que agora, ao contrário do que acontecia no passado, se instale no F.C.Porto a ideia que os serviços mínimos chegam. Não, devemos procurar sempre cumprir os serviços máximos, estamos a ganhar por três, temos de procurar com tudo o quarto, se o quarto chegar vamos ao quinto e por aí fora. É preciso incutir esse espírito nos jogadores, desde os escalões de formação até à equipa principal. E se agora, por força das circunstâncias, temos muitos jogadores vindos de fora e que não conhecem o que a casa gasta, temos de desde o primeiro dia incutir-lhes que Ser Porto também é prego afundo durante os 90 minutos, só em situações pontuais e perfeitamente definidas pelo calendário, é permitido abrandar e relaxar, mesmo quando o resultado está feito. Com isso, para além de tudo que já foi dito, também se cativa e se chama público ao Dragão.

Em 1984/1985, época do primeiro título de Jorge Nuno Pinto da Costa enquanto presidente do F.C.Porto, há um jogo que me marcou pelo contraste com o que se vê agora.
Disputou-se na Póvoa de Varzim, por interdição do Estádio das Antas, um F.C.Porto - F.C.Vizela. O jogo terminou em 9-1, mas o que mais me impressionou não foi a superioridade de uma das melhores equipas e que jogava melhor futebol, da história do F.C.Porto, equipa que esteve na génese da que duas épocas depois se viria a sagrar Campeã da Europa, sobre o simpático Vizela recém chegado à primeira-divisão. Não, o que me impressionou foi ver algo que nunca tinha visto antes. Foi ver que a cada golo que marcavam os jogadores do F.C.Porto iam buscar a bola ao funda da baliza, traziam-na para o meio-campo para que o jogo recomeçasse o mais rapidamente possível.  Isso criou uma dinâmica, um entusiasmo e um empolgamento tal, que passados apenas oito dias, o F.C.Porto - Portimonense que era para se disputar no mesmo estádio, teve de ser adiado por excesso de público.
Como adepto realista, tenho a noção e a consciência que não posso esperar e exigir o mesmo a esta equipa. Mas acho que nem tanto ao Mar nem tanto à Terra.

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