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domingo, 6 de agosto de 2017


Portugal tem nos seus ombros uma terrível e horrível herança quase milenar da qual não se consegue desfazer: o centralismo! À custa de uma política mal interpretada e que só favorece a promiscuidade e a regularização do compadrio, este centralismo único na Europa Ocidental acaba por transparecer a legalidade da ilegalidade! Ou seja, enquanto algo é proibido em 99% do território, em Lisboa é permitido, desculpado e até escalpelizado por uma miríade de políticos, jornalistas, advogados ou simplesmente gente armada ao… chico espertismo. Como isto não é um blog de política, transporto este centralismo para o desporto, para mostrar que há um clube que vive fora-da-lei, que julga que é lei e que quer fazer lei! O Benfica.
Este clube fundado por gente desertora de outro clube da capital sob um candeeiro mal iluminado ao lado de uma farmácia que momentos antes lhes tinha receitado Xanax em forma de supositório, nasceu para incomodar sob o desígnio de ter fama de ser incomodado. Daí à célebre frase que só não ri ás gargalhadas quem for desse clube ou então sem o mínimo sentido de humor, que nos tempo do fascismo os vermelhos (que por tal se passariam a chamar encarnados, a primeira das falácias!), seriam o único clube democrático em Portugal. Como se não houvesse eleições para os orgãos directivos nos outros clubes!
Depois gerou-se a outra grande falácia e que ainda perdura: ao conquistar consecutivamente 2 taças europeias, em moldes absolutamente amadores aos que hoje regem a Liga dos Campeões - mas também sem tirar mérito a tal façanha - decretou-se que os vermelhos, ou melhor, os encarnados seriam o clube do povo! Assim como o Sporting era o clube da aristocracia, o Belenenses dos betinhos da capital, a CUF dos trabalhadores, nascia por desígnio (não) nacional o clube do regime!
E perguntamos nós: e os clubes fora de Lisboa? Pois bem, meus amigos, um campeonato nacional só com 3 clubes não é bem um campeonato. É mais algo do género Taça Guadiana ou Torneio da Pontinha para adultos. O resto do país é um mal necessário. Não se conta com eles, mas temos que viver com eles! Uma casinha humilde num bairro de condomínios fechados, para mostrar que somos gente de bem!
E por causa desta enorme vergonha, o gigante nortenho adormeceu. Não por sono próprio, mas por veneno! E todos os clubes que não eram da capital ou da sua periferia vegetaram. Durante uma longa noite de sofrimento, de injustiça de vida a preto e branco, foram dando cartas clubes como a CUF, o Oriental, o Atlético, o Barreirense, Torreense, Casa Pia. O futebol era todo concentrado numa única região! Pelos vistos, no resto do país mas, sobretudo a Norte, era tudo uma cambada de broncos que nem um pontapé na bola sabiam dar! O Braga e o Guimarães eram autênticos elevadores. Ora desciam, ora subiam. O Leixões idem aspas! O Varzim tentava sobreviver á custa dos seus pescadores e o Rio Ave nem sequer existia! E gente como o Aves, o Moreirense, o Tondela ou o Arouca nem nos piores pesadelos do centralismo da bola nacional! Para isso bastava o Portimonense, Farense ou Olhanense. Com o golpe da democracia, com a vida a ser vivida a cores, o país despertou! Afinal Lisboa tinha o poder dado como adquirido divinamente e não por mérito próprio! E todos os clubes que estavam amordaçados, estagnados na sua própria sombra, ergueram-se e gritaram: nós também sabemos jogar à bola! O F.C.Porto foi o pilar desses clubes. O grito do Ipiranga dado pelo nosso amado clube na voz de José Maria Pedroto e sob a batuta de Jorge Nuno Pinto da Costa, resultou em campeonatos ganhos não só no futebol, como noutras modalidades como por exemplo o hóquei em patins. E a cereja no topo do bolo foi a emocionante, dramática e inesquecível final de Basileia, perante uma poderosa Juventus onde pontificavam os maiores craques da altura: Platini e Boniek, Scirea e Cabrini, Tardelli e Paolo Rossi!
Perdemos porque não tínhamos nome na Europa. Estávamos a dar os primeiros passos na alta roda do futebol europeu. Éramos um clube que vinha lá dos confins da Europa do Sul que por acaso até tinha o nome do mesmo vinho. Vinho esse que deve ter atordoado o árbitro desse encontro. Mas foi aí que mostramos ao Mundo que em Portugal havia uma equipa que com armas iguais, leis iguais e sobretudo justiça igual, podia e devia ombrear com as melhores equipas europeias. E a melhor resposta foi dada 3 anos depois em Viena!
Mas claro está, Lisboa não quer nada disto! Olhando apenas e só para o seu espelho de pvc que pensa que é de cristal, a perda de títulos e até de prestigio junto da comunidade internacional do futebol - as equipas de Lisboa foram definhando de tal maneira que hoje em dia o campeonato é mais concentrado a Norte que a Sul - o clube do regime foi humilhado em vários momentos por equipas que nem sequer eram da sua igualha. A chapa 5, tornou-se numa imagem de marca do… 5SLB!
Claro está que nada disto poderia continuar assim. A mudança de estratégia foi estudada para ser aplicada. Verdade seja dita que eles avisaram-nos quando disseram que mais importante que ter bons jogadores, era ter a gente certa nos lugares certos! Com a euforia da vitória, as gargantas roucas de gritar mais êxitos, não ligamos patavina à ameaça do Maduro! Hoje estamos a pagar bem caro por ter desdenhado o que foi dito. E pagamos bem caro porque sabemos perfeitamente, desde o berço até à cova, que a Lisboa nada se nega, tudo se concede! E por via disso fizemos do nosso modo de vida um slogan que já não perdura mas que, infelizmente, terá que voltar ás nossas mentes: não basta ser melhor! Há que ser bem melhor! Creio bem que 99,9% dos portugueses amam Portugal e isso vê-se nos emigrantes, que não renegam as suas origens, ao contrário de certos nortenhos que lá em baixo conseguem ser mais alfacinhas que peixeira da Mouraria. Somos um pais bonito, acolhedor mas gritantemente desnivelado.
E neste Portugal que amo, há coisas que detesto profundamente!

P.S. Essa dos 50 milhões dizem 2 coisas: o Email é um jogador bem bom (será guarda-redes?) e afinal tudo é verdade, pois só se rouba o que existe, não é assim ó despedido Pedro Guerra?

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