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terça-feira, 26 de setembro de 2017


Há jogos em que o coração tem de ficar de lado, a razão tem de sobrepor-se à paixão. E por isso, procurando ser objectivo e realista, disse no post de antevisão, era um jogo de exigência máxima, um teste de fogo, um enorme desafio para a equipa de Sérgio Conceição. Era um jogo frente a uma equipa
que considero mais forte que o F.C.Porto, por isso a expectativa era saber se esta análise estava correcta, se na prática ia ser assim, se estava influenciada pelo jogo que não correu bem frente ao Besiktas. Portanto, era uma óptima oportunidade para saber se o jogo com os turcos se deveu apenas a uma noite má e há um Porto de nível europeu, capaz de lutar pelo apuramento para os oitavos-de-final  e cumprir aquilo que quase sempre tem conseguido, ou temos um Porto apenas para consumo interno.
Depois do que aconteceu esta noite, depois desta exibição notável, muito acima das melhores expectativas, só posso concluir: temos equipa e treinador para lutar pelo apuramento.
Confesso, foi uma grande surpresa aquilo que o F.C.Porto fez esta noite no Mónaco, mas adoro estas surpresas.
Recordo o que disse na antevisão, Sérgio Conceição:
«As melhores equipas do mundo têm jogos menos conseguidos e é normal que uma derrota aconteça. Obviamente que não se pode, por causa disso, colocar em causa toda a história deste grande clube que é o FC Porto. E fica aqui a promessa de que amanhã vamos demonstrar essa grandeza.»
Cumpriu e é assim, prometendo e cumprindo, que se vai criando uma aura que faz a diferença, motiva, mobiliza e até galvaniza.
Parabéns, Sérgio!

Entrando com Casillas, Ricardo, Felipe, Marcano e Alex Telles, Danilo, Sérgio Oliveira - a grande surpresa, ele que nem um minuto tinha de utilização nos oito jogos oficiais já disputados - e Herrera, Marega, Aboubakar e Brahimi, o F.C.Porto mostrou-se uma equipa personalizada, organizada, sem bola, soube defender, com bola, saiu com propósito, chegou várias vezes à frente com algum perigo. Negativamente, faltou definir melhor e mais alguma agressividade no último terço, problemas apenas nas laterais, onde a má cobertura por parte dos alas do F.C.Porto no dois para um, permitiu que Sibidé num lado e Jorge no outro, trocassem a bola com os alas à sua frente, conseguissem alguns desequilíbrios que perturbaram. Nestes jogos sem grande superioridade de uma equipa sobre a outra e com poucas oportunidades de golo, ser eficaz é fundamental e o F.C.Porto, foi. Aproveitou bem um  lançamento de linha lateral de Alex Telles, Marcano ganhou nas alturas, remate de Danilo, defesa de Benaglio, que voltou a defender a recarga de Aboubakar, mas à segunda o camaronês fez golo, adiantou os Dragões no marcador, iam decorridos 31 minutos de jogo. Em vantagem, frente a uma equipa que se expressa melhor nas transições, mas que naturalmente ia reagir, era a hora do F.C.Porto continuar concentrado e a defender bem e depois ser uma equipa matreira, procurando explorar os espaços, ampliar. Não ampliou, mas se não controlou totalmente, também nunca permitiu que a equipa de Leonardo Jardim fosse superior, pressionasse, dominasse, criasse perigo. Pelo contrário, o F.C.Porto até ao intervalo foi melhor.

Resumindo: vantagem justa dos pupilos de Sérgio Conceição, numa primeira-parte muito bem conseguida. Grandes expectativas para a segunda.

Para a etapa complementar, Leonardo Jardim meteu mais um avançado, o treinador dos Dragões não alterou nada e o jogo recomeçou equilibrado, Mónaco a procurar impor-se, chegar ao empate, F.C.Porto atento e organizado, não permitiu qualquer veleidade aos monegascos e procurou, quando tinha bola, sair, atacar com perigo. Foi assim que Marega aos 59 minutos esteve perto do 2-0, não entrou aí, entraria passados 10 minutos, naquilo que foi um verdadeiro hino ao contra-ataque. Brahimi num passe a rasgar, na meteu na profundidade de Marega, este arrancou e assistiu numa bandeja Aboubakar que só teve de encostar e aumentar a contagem. .
A cerca de 20 minutos do fim e com o conforto de uma vantagem confortável, Sérgio Conceição, quiçá a pensar em Alvalade, tirou Aboubakar e Brahimi, meteu Corona e Layún. E daí até ao fim, tirando logo de seguida um remate de Falcao à barra, naquela que foi a grande oportunidade do Mónaco, por parte dos portistas, foi apenas não facilitar, não permitir que o campeão francês reentrasse no jogo. Mas o final do filme ainda não estava contado e já com Diego Reyes no lugar de Sérgio Oliveira, em mais uma assistência de Marega para Layún marcar, o F.C.Porto fechou a contagem e colocou a cereja no topo de um bola de qualidade superior, capaz de satisfazer os paladares mais exigentes.

Notas finais:
Registe-se e louve-se, mais um mar azul a acompanhar os Dragões. No Principado, a equipa de Sérgio Conceição voltar a contar com um grande apoio por parte dos adeptos do F.C.Porto.

Quando uma equipa é tão exuberante colectivamente, é isso que devemos realçar, seria injusto destacar alguém, mesmo que não faltassem exibições individuais de elevado nível.

Quem ganha assim tem direito a festejar e depois começar a preparar o jogo de Alvalade, outro jogo muito difícil e por isso tem de ser abordado com esta atitude, este espírito e se possível, com esta qualidade.

Pronto, acabou a maldição do Louis II. Estava destinado que tinha de ser pela equipa portuguesa de mais prestígio internacional.

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